Compor é uma arte, todos concordam, mas não será também o resultado de conhecimento e muito estudo?
Aparentemente parece fácil, mas é bem mais complicado do que parece se formos teorizar e tentar explanar métodos e seus conceitos.
O processo de composição musical pode ser racional ou intuitivo. A construção pode basear-se em uma forma musical (jazz, rock, mpb e etc..), a partir da qual se define padrões harmônicos. A música pode ser preservada na memória ou através de um sistema de escrita ou notação.
A composição musical pode também significar o processo pela qual uma peça se origina, e a disciplina acadêmica que estuda seus métodos e técnicas. Quem executa este trabalho é chamado de compositor.
Ao realizar a composição, ele deve ter conhecimento da teoria musical e das características do gênero musical para qual a musica está sendo composta. Essa escolha determina, entre outras coisas: o ritmo, a instrumentação a ser utilizada, bem como a duração da composição.
A composição pode ser publicada na forma de partitura, ou de algum outro método de notação, como letra com cifras, ou tablaturas.
Uma das etapas importantes do processo de composição é a realização do arranjo musical, ou seja: a divisão da música em partes a serem executadas por cada um dos instrumentos e/ou vozes. Entretanto, o compositor pode criar apenas a parte melódica e harmônica, e juntar essas ao texto (letra) sem ter, contudo, a necessidade de arranjá-la!
Embora muitas vezes o compositor popular não se atenha tanto ao fato de escrever a música, torna-se indispensável à transcrição dela em partituras para preservá-la posteriormente. Quando um sistema não é utilizado, a composição é transmitida por repetição e memorização. Esse é o método usado na maior parte das canções populares.
Sabe-se ainda que, para se ter uma composição bem elaborada, com toda a segurança no que diz respeito a sua forma, estilo e etc, deve-se observar várias regras harmônicas que servirão como um respaldo e darão uma maior tranquilidade ao compositor.
A música como arte que é, desperta também o sentimento intuitivo, o dom, a sensibilidade.
Não poucas vezes ouvimos alguém falar: “...essa pessoa nasceu com o dom, é assim desde muito novo”.
Isso não é errado; é certo que muitas pessoas nascem com uma maior sensibilidade musical do que outras, entretanto, o desafio para quem nunca conheceu uma nota musical, estudar, e se aplicar em adquirir essa arte, é muito grande, mas possível de ser alcançado.
Existem pessoas que são musicais ao extremo, mas que por não terem um pouco de estudo na área, deixam de realizar coisas que complementariam e acresceria muito ao seu trabalho.
A forma de composição que se usa mais o intuito do que o conhecimento, não deixa de ser correta, mas requer uma maior concentração e dedicação do compositor. Isso falo de experiência própria.
Por lhe faltar subsídios que normalmente um compositor com estudo teria, ele não pode perder o momento certo de realizar uma boa música.
Não falo isso pensando que, ao surgir uma boa ideia, o compositor tenha que deixar todas as coisas de lado e correr para a música, até porque isso nem sempre é possível, mas saber valorizar e filtrar determinadas ideias visualizando assim o resultado final do trabalho.
Interessante também nesses momentos é saber usar a técnica de memorização, o que facilitará em muito a vida do compositor, pois, ao armazenar determinada ideia, se torna possível reproduzi-la mais tarde com a mesma eficiência.
Pesquisar estilos, estudar ritmos, procurar entender um pouco de prosódia musical e principalmente de concordância verbal, são algumas das tarefas do compositor intuitivo.
Não devemos esquecer que compor também é uma prática; os resultados tornam-se cada vez melhor, desde que o compositor seja aplicado e tenha a sensibilidade necessária para resolver certas questões.
Concluímos assim que, tão importante como ter o conhecimento para a composição musical, a técnica intuitiva também é necessária.
Penso que é possível realizar bons trabalhos detendo apenas uma das técnicas, mas melhor seria aliar as duas e, assim, ter ao seu dispor maiores recursos na hora da composição.
Por Marco Acosta - Diretor Musical (OMB 34181)
"Marco Acosta é graduado no curso de Licenciatura Plena em Música com Habilitação em Canto, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e possui cursos específicos nas áreas de Rêgencia, Arranjo e Técnica Vocal" .